E lembram-se que havia dito à vocês que a história não acabava por ali? Pois hoje voltamos com o quadro Bate-papo com o Autor. E ninguém melhor do que Marcos Gallão para chegar ao Café com Leitura Blog para um delicioso bate-papo! Então, cheguem mais!
Você poderia nos contar um pouquinho sobre a
sua história de vida?
Filho caçula, cresci com duas irmãs mais velhas e meus
pais. Nasci e vivi em São Paulo até meus 15 anos, após isso passei minha
adolescência no interior morando em um sítio com meus pais. Aos 18 anos voltei
para minha cidade, em que vivi até meus 26 anos e enfim me mudei para Milão, na
Itália, onde vivo hoje. Sempre trabalhei com administração e vaguei por várias
áreas acadêmicas sem nunca me encontrar de fato. Hoje trabalhando com a escrita
me sinto ótimo.
Como surgiu em você o dom literário?
Não acredito em dom. Eu sempre gostei de contar
histórias, sou muito comunicativo e isso faz parte da minha personalidade.
Quando a oportunidade de escrever “Manu, ela” apareceu, eu estudei muito sobre
técnicas de escrita para que pudesse encaixar um dos meus prazeres com essa
profissão maravilhosa. Por isso não acredito em dons. Creio que se você que
está lendo isso agora tem vontade de fazer algo, misture sua vontade com sua
capacidade de aprender sobre aquilo e tenho certeza que vai ser capaz de
produzir algo maravilhoso.
Hoje temos no mercado diversos novos gêneros
literários. O livro "Manu, ela" enquadra-se no formato "LGBTQ". Você
pode explicar para nossos leitores o que seria o gênero "LGBTQ" na literatura?
Em minha opinião“LGBTQ”, não deveria ser considerado
um gênero. Explico: não temos uma etiqueta para os livros com protagonistas
heterossexuais. São somente: Romances, Dramas, Fantasias e etc... A sexualidade
dos personagens não deveriam ser exploradas como gênero.
Mas devido a necessidade da militância para conquistar
direitos e visibilidade, entendo e abraço esse gênero. O “gênero LGBTQ” traz
aos leitores histórias que podem fazer parte de qualquer outro gênero
literário, porém com personagens que façam parte dessa comunidade. E o
principal motivo para que eles existam nos livros é realmente simples e bonito.
Pessoas "LGBTQ" existem fora dos livros também e querem ler histórias onde possam
se conectar ainda mais com os personagens. Eu luto por essa conexão e por essa
representatividade.
E o livro, "Manu, ela"? De onde veio
tanta inspiração?
O livro “Manu, ela” surgiu de uma brincadeira com uma
amiga. Ela me propôs um desafio sobre criação de personagens – não criar uma
personagem que correspondesse com minha realidade. Foi assim que nasceu Anna e
toda sua história. Diferente do autor, Anna possui somente 15 anos e ainda está descobrindo quem ela pode ser e as aventuras de um primeiro amor.
Quem é Anna Beth? E a Manu? Como vc as
descreveria?
Anna é a representação de todo adolescente que não se
explora, não se entende e também que reprime toda sua vontade de viver por
medo, mas ainda assim muito curiosa.
Manu é a representação de tudo que toda adolescente gostaria de ser,
resolvida, desprendida de preconceitos e cheia de atitude.
Os personagens do livro teriam, de alguma
forma, algo relacionado à sua história de vida? Se sim, poderia nos contar?
Com certeza! Todos os personagens do meu livro carregam um pedaço de mim. Para construir todos os personagens usei todas as histórias que já vivi e principalmente que ouvi de todas as pessoas que já conheci durante minha vida.
Não posso contar, seria um grande spoiler!
Também gosto muito de escrever, e sei
que é muito difícil buscar um rumo, talvez até acertar no caminho que queremos
chegar para atingir o público. Em que você pensou para delinear a história?
Teve alguma inspiração específica?
Essa talvez seja a pergunta mais difícil para eu
responder. Como eu disse, o livro começou por uma brincadeira e quando fui
desafiado por essa amiga a criar uma personagem, parece que Anna e toda sua
história já existia dentro da minha mente. Escrevi as 15 primeiras páginas em
pouquíssimo tempo. O único desafio foi encontrar as palavras para contar essa
história da melhor maneira possível.
Seu livro será lançado na Livraria Cultura,
em São Paulo no dia 26/9, não é isso?
Isso mesmo! Estarei presente na Livraria Cultura ( CONJUNTO NACIONAL - Av. Paulista, 2.073 - Consolação, São Paulo – SP) das 19hr as 21hr30.
Espero que todos os leitores que estão em São Paulo
possam ir.
Então, quais são seus próximos projetos? Já
teria algo novo em mente?
Já estou trabalhando em mais dois livros, mas isso
conto depois do lançamento de “Manu, ela”.
Você é brasileiro, mas mora na Itália. O que
o levou a lançar seu livro aqui no Brasil e não aí? Podemos então
considerá-lo, aqui no Brasil, na categoria de autores nacionais?
Eu escrevi meu livro enquanto estava morando no
Brasil, meu livro foi escrito em português e as emoções colocadas nele foram em
nosso idioma. Também quero trazer representatividade para o Brasil. Sempre, desde pequeno, procurei muito por personagens LGBTQ em filmes, novelas, livros e
histórias e poder contribuir com isso hoje me traz muita alegria. Eu sou sim um
autor nacional, com muito orgulho<3.
O livro "Manu, ela" com certeza
tem uma mensagem a passar. Que mensagem você gostaria de passar ao seu público?
Quero passar ao público que todo mundo vive um
primeiro amor e que não importa se você faz parte da comunidade LGBTQ ou não,
essa sempre será uma fase confusa, porém linda. Que todos nós podemos tomar o
controle de nossas vidas, que todos temos problemas com nossas famílias e
amigos mas que sempre vamos amadurecer o bastante para
lidarmos com isso.
Gente, que lindeza de pessoa ao utilizar as palavras para expressar suas emoções! Que conversa proveitosa!
E quanto à vocês, gostaram do bate-papo? Como o autor nos instruiu e contou coisas interessantes, não é verdade?
Se quiserem conhecer mais do Projeto Semana adote um Autor Nacional, cliquem no link que tem muitas informações bacanas sobre o ideal da proposta!
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É maravilhoso estar com vocês no "Café"!
Beijos literários!
Beijos literários!
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