COMO TEVE INÍCIO A MINHA VIDA DE LEITORA?


Falar da minha vida enquanto leitora despertou em mim um certo saudosismo, mas não negativamente, pelo contrário! Me remete a tempos tão bonitos, tão puros e sinceros que nem sei se me atreveria a tirar essa essência. 

Tenho aqui mais uma missão: a de fazer com que entrem no meu universo da mesma maneira como eu nele entrei. Uma folha em branco? Talvez! Meu destino em meio aos livros sei que tracei com louvor, pois a cada página folheada há a certeza de que me construí, e ainda me construo.  Quero falar de memórias!



Aos cinco anos minha mãe me colocou na escolinha.  Tinha orgulho de ver que eu gostava de estar ali. Eu já me fascinava por essa mágica que acontecia com a junção das letras! A formação das palavras! 

Me lembro de a cada ida na rua com ela, de olhar para os muros e tentar desvendar aqueles mistérios... parecia de fato magia! 

A professora, me lembro como se fosse hoje, Tia Nádia, só me deixava ir embora quando eu conseguia ler. Minha mãe ficava a esperar do portão e dizia: " Um pecado! Ela é novinha demais!". 

Mas eu, ah! Eu estava adorando, me recordo! Porque a cada saída mais tarde daquele lugar, mais palavras conseguia formar, e mais magia conseguia decifrar por entre os muros do bairro onde morava. E seguia feliz, contando para ela cada novidade! Engraçado como algumas lembranças ficam, não acham?


https://www.choquecultural.com.br/pt/2016/03/29/poesia-no-concreto/

Seis anos de idade. Me lembro de ter entrado em escola particular, Educandário Cecília Meireles (lembram-se? ;)  nome mais que sugestivo para uma amante da literatura já naquela tenra época de minha vida! 

Casa humilde... poucas condições, mas o desejo por me colocar em uma escola maior e com mais possibilidades de aprender, moviam meus pais e minha avó Clarice . Faziam o que podiam para me dar um bem maior!. E para eles, era  Educação, o legado de ouro que poderiam me deixar!

Lembro-me de estar sentada em uma mesinha, e minha mãe de costas , lavando a louça e me tomando a lição. Domingo de manhã, dia chuvoso, e eu precisava conhecer ali cada formação, a essência das palavras que me fariam compreender a história de cada um daqueles livros: A Curiosidade Premiada e Gato que Pulava no Sapato. Foi ímpar a sensação de adentrar em cada história daquelas! Como me deliciava lendo e relendo aqueles livros! E que orgulho cada um deles sentia ao ver que aquela menininha já sabia ler! 




Assim, meu pai, todo pomposo, a cada domingo que nos reuníamos em família, sempre sentava-se para ler jornal. Mas acham que agora era ele quem lia?! Era eu! E ele se orgulhava, daquela menininha que sabia ler e lhe reproduzir, de maneira rústica, singela, cada notícia que ousasse querer saber!




Aos oito anos, o ápice da minha história enquanto leitora! Me lembro de na segunda série todos os dias ter um companheiro mais que fiel nas idas e vindas no ônibus da escola: O Menino Maluquinho! Li e reli dezenas, centenas, milhares de vezes! Passei o livro para meu irmão,  depois para minhas primas, mas o amor por esse menino ficou até hoje em meu coração! 


E fora transmitido, pois um dos dias mais bonitos da minha vida vivi na Bienal do Rio em 2017, quando tive a oportunidade de dizer para Ziraldo sobre isso. E o mais lindo ainda: ver que minha filha se emocionou, pois o meu carinho e admiração por esse gênio da literatura infantil ficou para ela, como uma espécie de patrimônio guardado em seu coração (foi a primeira da fila de autógrafos!).

E na escola, quando estava lecionando, por alguns era chamada de "Professora Maluquinha", pois sempre os encantei com tais histórias, e sempre que as lia para eles, ao final debulhava-me em lágrimas!





Na adolescência quem me acompanhou foram os gibis. Deixava de lanchar para juntar as moedinhas que ganhava dos meus pais para, na hora da saída, passar nas bancas de jornais e comprar as revistinhas da Turma da Mônica.







Hoje, não tem sido segredo para mais ninguém! Todos têm acompanhado de maneira até mais efetiva neste ano através do "Café" minhas leituras e escritas, além do meu amor pelos livros e, como sempre digo, em prol do bom uso das palavras, por favor!




Assim, o Café com Leitura Blog  tem o carinho e a satisfação de participar de mais uma linda maratona do grupo Interative-se, no facebook, em que as blogueiras estão todas super animadas e prontas a contarem um pouco ao longo da semana sobre suas vidas literariamente falando (se é que existe essa expressão!). Acompanhem! Tenho certeza que muitas belas histórias e curiosidades virão por aí! 
Beijos literários! E até amanhã!


Participantes desta edição:



  
  
    Mari de Castro      Lunna Guedes       Ale Helga






















Um comentário

  1. Olá
    Meu pai tem um papel muito grande no meu amor pela leitura. Desde muito pequena, ele me incentivava a ler tudo que encontrava, inclusive frases nos muros. Lembro da minha felicidade ao conseguir juntas letrinhas pra formar palavras. Aos 3 anos, não estou brincando, entrei na escolinha já sabendo ler. Meu filho completa 4 anos mês que vem. Ele ainda não sabe ler, mas adora que leia para ele, pega os livros e inventa suas próprias histórias.

    Vidas em Preto e Branco

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