Fácil, a gente sabe que não é,
nunca foi. E talvez nunca será.
É que buscar forças, só Deus sabe de onde, nos encontrar lá no fundo, cavar no mais íntimo do próprio eu, aviso aos navegantes, causa dores.
A gente se autodescobre. Percebe
erros e acertos. Enxerga nossas próprias imperfeições. E finalmente nota que
não somos apenas anjos. Ou demônios. Porque, na verdade, temos um pouco de cada
dentro de nós. E dói demais descobrir certas verdades, porque até então, para
quem estava na bolha, forçou passagem e saiu, deu de cara com um mundo novo,
cheio de gente de verdade, com qualidades e defeitos. Viu que a vida não era
simplesmente feita de flores. Há conforto e desconforto. O ócio e o movimento.
Desse movimento, entendemos fluxo, vida. E aí entra, na mais profunda dor, o choro, lágrimas que nos rasgam por dentro. Ouvir que "vai passar" pode até ser
verdadeiro, e é. Mas cansa. Nos tornamos imediatistas. Se pudéssemos, nos
transformaríamos em mágicos e, num estalar de dedos, tudo seria luz de novo, amor...
... mas que graça teria se não tivesse a dor como aprendizado? E justo aí, no luto do eu, do outro, do mundo que seja! Mundo que passa a nos ser
perceptível de olhos bem abertos, é que entra um novo enxergar, porque, de
alguma forma, é preciso se reinventar para ressignificar.
Caderno: https://www.crearepapel.com.br/
Nenhum comentário